Hermes Bernardi Jr. (1965-2015)
Escritor e ilustrador
Cidade em que nasceu: São José do Ouro, RS
Cidade onde mora: Porto Alegre, RS
Data de nascimento: 19/08/1965
Livros que escreveu e ilustrou para a Projeto: Planeta Caiqueria,2003; E um rinoceronte dobrado, 2008 e Dez casas e um poste que Pedro fez, 2010
Primeiro livro publicado/ano: como escritor, Abecedário Alegre do Porto, 1998 (edição independente financiada pelo Fumproarte da SMC de Porto Alegre) e como ilustrador, Doido pra voar (Artes e Ofícios), 2009
Como você trabalha/qual sua rotina?
Desde que fiz a Oficina de Criação Literária, em 1999, na PUC-RS, com Luiz Antônio de Assis Brasil, desenvolvi disciplina para a escrita e depois, em 2009, passei a fazer o mesmo com a ilustração. Escrevo de segunda a sexta-feira, das 6:30 às 9:00. Depois, sigo para o Atelier Livre, quando investigo materiais para ilustrações. Gosto do silêncio e de muita luz natural para trabalhar. Eventualmente ouço música, mas prefiro mesmo estar em silêncio para ‘ouvir’ o que os materiais desejam ser, além achar divertido pensar que posso, assim como as crianças o fazem, resignificá-los. Meu trabalho faz parte do mundo real, que está em permanente movimento. Lido com a matéria. A matéria é real. Se meu trabalho provocar o leitor ao devaneio terá cumprido seu papel, com a exata noção de que será necessário ir em busca de um novo gesto que provoque novo devaneio.
Trabalha em outra área além dos livros?
Cada vez menos outra coisa e a cada dia mais literatura e ilustração na perspectiva de percebê-las como Arte. Vivo de literatura há quinze anos, mas gosto de estar misturado às Artes em geral. Me alimento delas. Não sou criativo. Sou humano. E gosto de me pensar em Arte diariamente. Ir ao supermercado pode ser uma experiência artística. Circular de ônibus pode ser o fundamental disparador para um rascunho que falta ao conjunto de ilustrações. Pedalar pela cidade renova meu olhar sobre as coisas e o mundo das coisas. Vivo espremendo o que se enleva do todo. O imaginário está inserido no mundo real. Não fora dele. Não crio o imaginário. Meu esforço vem sendo destacá-lo, apenas. Gosto de me pensar como um liquidificador, que mistura, processa.
Não, não faço outra coisa a não ser viver em Arte. Com os pés no chão.